Ditadura da beleza

Nós, como profissionais da saúde, não poderíamos deixar de nos manifestar, quanto às notícias freqüentes sobre as questões dos excessivos “retoques cirúrgicos” realizados pelas atuais candidatas à miss. É nossa obrigação, tentar alertar e tentar entender o que está por trás dessa escravidão da beleza. Talvez um dos grandes desafios de nossos tempos seja o de compreender qual é o lugar do corpo para o sujeito e para a sociedade.


nca a beleza foi tão imperativa quanto é hoje. Por um longo período da nossa história, as mulheres gordinhas é que eram consideradas atraentes. Ser rechonchuda era sinônimo de boa alimentação e consequentemente de riqueza. Hoje, tais corpos robustos perdem o lugar para o novo padrão de beleza, que apresenta um corpo marcado pela cintura fina, as pernas esguias e o corpo quase esquálido.



Cada vez mais as pessoas procuram remédios emagrecedores, cremes que prometem eliminar a celulite, tratamentos estéticos e cirurgias plásticas. O objetivo é ser lindo, magro e perfeito. Esta busca pela perfeição pode tornar-se uma obsessão, podendo levar a distorções da imagem corporal, gerando transtornos psíquicos, físicos, sociais e alimentares.



Quando é que vamos nos rebelar contra esse culto à imagem que descreve um perfil de beleza e exige que todos nos enquadremos nele? Uma beleza que nos faz perder quilos, perder saúde e muitas vezes perder a vida.



Será que vamos deixar roubarem-nos o direito de ter cabelos crespos ou cacheados? Será que vamos permitir que nos arranquem o prazer de comer um prato de arroz e feijão?



Ao invés de vendermos nossa imagem, por que não vendermos nossa essência? Não podemos permitir que nos escravizem. A nossa beleza precisa estar justamente na nossa diferença, naquilo que nos torna único.



Escrito por Ana Carolina Bragança- Nutricionista e Ieda Zamel Dorfman-Psicóloga

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